27/01/2014

O município de Itaoca (SP) localizado na região do Alto do Ribeira do Iguape foi atingido por processo de inundação súbita, devido às fortes chuvas excepcionais que ocorreram em áreas de cabeceira de drenagem.

As chuvas tiveram início às 19h30 horas do dia 12 de janeiro de 2014, estendendo-se até o amanhecer do dia 13 de janeiro de 2014. Devido à ausência de dados oficiais, estima-se que o processo foi deflagrado pela ocorrência de até 150 mm de chuva em um período de 6 horas, o que gerou a elevação súbita (entre 4 a 5 metros) do nível do rio Palmital, que atravessa a área urbana. O transbordamento das águas resultante deste processo atingiu diversas moradias situadas ao longo das margens direita e esquerda do rio Palmital, bem como uma extensa faixa de moradias situadas ao longo das vias de acesso locais. Também foram observadas inúmeras cicatrizes de escorregamentos naturais nas encostas próximas ao vale do rio Palmital. A chuva intensa ocorrida em curto espaço de tempo, associada aos escorregamentos que ocorreram nas encostas, gerando grande aporte de materiais, compostos por sedimentos, fragmentos rochosos e seixos de tamanhos variados e de troncos de árvores, evidencia a ocorrência de um processo de corrida de detritos, com forte potencial de arrasto e destruição. O material transportado neste processo gerou assoreamentos e barramentos do fluxo de água ao longo da drenagem e, consequentemente, os transbordamentos que atingiram ao menos 100 moradias na cidade.

Segundo informações, um total de 19 moradias foram integralmente destruídas e arrastadas pelas águas. O município decretou estado de calamidade pública, sendo registrados, até o final do dia 24/01, 24 óbitos e 3 desaparecidos (dados oficiais da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil), além de centenas de desalojados e desabrigados.

Também foram observados danos estruturais em pontes; interrupção da rede de transmissão de energia elétrica e telefone, destruição da estação de tratamento de água da Sabesp, além de espessos depósitos de sedimentos nas frentes e nos quintais das moradias.

Foi verificado durante a vistoria que o nível d´água das inundações atingiu a altura de 2 a 3 metros nas moradias em alguns setores, constatado pela observação das marcas d´água nas paredes das mesmas. O avanço destas águas para o interior das moradias gerou, como consequência, a perda generalizada e, muitas vezes total, de bens e móveis por parte dos moradores e de estabelecimentos comerciais.

Os trabalhos de vistoria consistiram de inspeções às moradias atingidas, procurando identificar as seguintes situações: (a) edificações cujas condições construtivas e estruturais foram completamente comprometidas, impedindo a reocupação de forma permanente; (b) edificações atingidas parcialmente, cuja reocupação pode ser feita oportunamente com restrições, mediante remoção de entulho e limpeza, e em alguns casos, demandando análise estrutural detalhada e reparos; (c) ocupação imediata sem restrições, mediante remoção de entulho e limpeza. Após as vistorias foram elaborados relatórios técnicos e recomendações para implantação de ações de curto e médio prazo visando reestabelecer a normalidade, com a devida segurança dos moradores.

Durante as vistorias já haviam sido iniciados os trabalhos de limpeza, desobstrução, recuperação, reconstrução e socorro às vítimas deste desastre por parte da prefeitura municipal, com o apoio de diversos órgãos da estrutura administrativa oficial do Estado de São Paulo.

Duas equipes do Instituto Geológico se revezaram nos trabalhos no período de 14 a 19 de janeiro: geólogo Jair Santoro, geógrafa Denise Rossini Penteado, geólogo Paulo César Fernandes da Silva e geógrafo Eduardo Schmid Braga. Estiveram acompanhados pelos técnicos de apoio Valentim Otaviano dos Santos Filho e Gilberto Sanchez.

O atendimento foi realizado após acionamento da Defesa Civil Estadual, com a qual o Instituto Geológico tem um Termo de Cooperação Técnica de apoio técnico a planos preventivos de defesa civil.