01/10/2015

Pesquisadora do Instituto Geológico (IG) Célia Regina de Gouveia Sousa integra um grupo de cientistas internacionais que organizaram um workshop na Associação Comercial de Santos no dia 30 de setembro de 2015, com o objetivo de apresentar o projeto de pesquisa ao público.

O Projeto de pesquisa é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e se denomina “Uma estrutura integrada para analisar tomada de decisão local e capacidade adaptativa para mudança ambiental de grande escala: estudo de caso de comunidades no Brasil, Reino Unido e Estados Unidos”, cuja sigla é METROPOLE. O objetivo é realizar um estudo detalhado sobre a elevação do nível do mar com previsões até 2100 que envolve pesquisadores de várias instituições brasileiras (INPE, CEMADEM, USP, UNICAMP, IG/SMA), da americana University of Florida e da inglesa Kings College of London na análise e projeção desse aumento.

O município de Santos foi escolhido para o projeto por ser líder regional em sustentabilidade, por ter uma base de dados de mapeamento georreferenciado bem organizado e apresentar vulnerabilidades costeiras. Outras duas cidades participam do projeto: Condado de Broward (EUA) e Selsey (Inglaterra). O estudo oferece às cidades a possibilidade de se antecipar aos fenômenos naturais previstos. Esta é a primeira vez que o poder público tem em mãos uma pesquisa com nível de detalhamento tão alto de projeção do aumento do nível do mar e variações climáticas. As informações de impactos das mudanças climáticas poderão ser incorporadas nas ações de planejamento local.

O coordenador do Projeto, Dr. José Marengo do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (CEMADEM) e representante do Brasil no painel da ONU sobre mudanças climáticas, ressalta que a pesquisa é um alerta para a população se adaptar aos cenários apresentados, porém, se nada for feito, haverá sérios problemas com a elevação da ocorrência e intensidade das tempestades e ressacas. Mas tranquiliza completando que a elevação do nível do mar não significa que todas as pessoas ficarão com água na porta de suas casas.

A pesquisadora do IG Célia apresentou as áreas de estudo com maior risco de sofrerem impactos com as mudanças climáticas 2 km² na Zona sudeste, onde há cerca de 34 mil habitantes e 1.400 lotes fiscais, e de 11 km² na Zona noroeste, onde vivem 83 mil pessoas em 20 mil lotes. Os gráficos foram confeccionados com dados históricos de ressacas e tempestades divulgados em jornais desde 1960. Dados de Marégrafos e Satélites também foram usados na plataforma COAST (Costal Adaptation to Sea Level Rise Tool), onde foram elaborados modelos de projeções climáticas para 2050 e 2100, com cenários de aumento de nível do mar associado a tempestades. As previsões mínima, mediana e extrema para 2050 são de 18, 23 ou 30 cm, respectivamente. Para 2100, as projeções são de 36, 45 cm e 1 metro.

Além da pesquisadora do IG, também estão envolvidos no projeto os cientistas Lucí Hidalgo Nunes (Instituto de Geociências da Unicamp); Roberto Greco (Instituto de Geociências da Unicamp); Joseph Harari (Instituto Oceanográfico da USP); e da Prefeitura de Santos Ernesto Tabuchi (da Secretaria Municipal do Meio Ambiente) e Eduardo Hosokawa (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano).

Na parte da manhã foram distribuídos questionários para balizar as discussões da parte da tarde onde foram realizadas dinâmicas de grupo, com o objetivo de elaborar propostas que serão processadas e analisadas. No dia 01 de dezembro de 2015 os resultados serão apresentados ao público, assim como as medidas viáveis de adaptação da cidade e estimativa de custos. Com base nesse estudo, a prefeitura de Santos vai desenvolver um planejamento estratégico nas áreas relacionadas ao projeto.