Foto: Hélio Diniz

O Programa de Pesquisa em Políticas Públicas tem garantido que o conhecimento gerado no setor de pesquisa aponte soluções estruturais para problemas que comprometem a qualidade de vida dos cidadãos, como é o caso, por exemplo, das enchentes, foco do projeto Subsídios Técnicos ao Plano Diretor de Drenagem do Município de Guarulhos . A cidade retira boa parte da água que consome dos aqüíferos subterrâneos, que já dão sinais de exaustão. O Aeroporto de Cumbica, por exemplo, é totalmente abastecido por meio de poços artesianos. Essa estratégia, no entanto, não será sustentável para suprir o novo terminal de passageiros que será construído nos próximos anos. O único jeito será criar um sistema de reaproveitamento de água, já que os lençóis freáticos não se reabastecem adequadamente porque a cidade está impermeabilizada. O resultado é que, quando chove, a água corre sobre o asfalto, produzindo enchentes. Para agravar o problema, o solo argiloso da região também contribui para dificultar a absorção da água.

A solução idealizada por Hélio Nóbile Diniz, pesquisador do Instituto Geológico, órgão da Secretaria do MeioAmbiente do Estado de São Paulo e coordenador do projeto, que será testada na segunda fase do projeto, é captar a água das chuvas e injetá-la no subsolo a 100 metros de profundidade, perto dos aqüíferos, abreviando o processo de filtragem pela terra. Trata-se de uma idéia polêmica. Em tese, envolve risco de contaminação da água do subsolo. “Pretendemos fazer uma experiência controlada, com a construção de dois poços, um para a injeção de água no aqüífero e outro para retirar a água e controlar sua qualidade”, diz Nóbile Diniz.

Na primeira etapa do projeto foram feitos ensaios de infiltração e métodos para diagnosticar a permeabilidade do solo. Caso a estratégia se revele viável, a prefeitura de Guarulhos, parceira no projeto, cogita propor mudanças no Plano Diretor da cidade. Uma possibilidade é exigir que novos empreendimentos imobiliários e também grandes galpões industriais construam poços de infiltração para injetar a água captada da chuva. “Alguns desses galpões têm telhados enormes, que escoam a água para a superfície e ajudam a causar enchentes”, explica o geólogo Edilson Pissato, da Secretaria de Meio Ambiente de Guarulhos.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP N 106 pag. 25-31 – Dezembro de 2004