05/05/2016

Um estudo inédito coordenado pelo Dr. Leandro de Oliveira Salles do Museu Nacional (UFRJ/RJ) pretende analisar o fóssil de morcego do acervo do Instituto Geológico (IG) utilizado o moderno e recente equipamento de tomografia computadorizada do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.

O fóssil de morcego faz parte do Acervo Paleontológico do IG da curadora e pesquisadora Maria da Saudade A. S. Maranhão e atualmente encontra-se exposto ao público no Museu Geológico – MUGEO no Parque da Água Branca, em Perdizes, sendo um dos três exemplares expostos conhecidos em toda a América.

Coletado na cidade de Tremembé, na desativada mineradora Nossa Senhora da Guia nos anos 50, o fóssil do morcego foi o primeiro fóssil de mamífero encontrado na Formação Tremembé. Na época foi identificado e descrito por Paula Couto em 1956 como Tadarida faustoi, já em 1984 Legendre fez um estudo comparativo com outros fósseis e morcegos recentes de vários gêneros e subgêneros, datando-o entre 33 milhões há 23 milhões de anos, propondo então a mudança do gênero para Mormopterus, atribuindo-lhe um novo subgênero (Neomops), designando-o como Mormopterus (Neomops) faustoi. Em geral, fósseis de morcegos são raros e pouco estudados, pois a fragilidade de seus ossos dificulta a conservação e fossilização.

A pesquisa inédita realizada em fósseis de morcegos no Brasil com a análise das imagens tridimensionais obtidas pelo tomógrafo computadorizado será possível detectar com precisão as estruturas ósseas presentes, principalmente a dentição, auxiliando na compreensão das relações filogenéticas. O exemplar analisado possui grande importância científica pelo seu ineditismo, curiosamente é o único mamífero procedente dos folhelhos pirobetuminosos (rocha formada em um antigo lago há 28-24 milhões de anos), na Formação Geológica Tremembé os demais fósseis de mamíferos procedem de camadas de argila.

Atualmente os morcegos representam um quarto de toda as espécies de mamíferos do mundo, são pelo menos 1.116 espécies que são responsáveis por 60% da recuperação das florestas, sendo imprescindíveis para a manutenção do ecossistema, regeneração das matas e para o equilíbrio da cadeia alimentar.