Título: Mapeamento de risco de escorregamento em encostas urbanas com a incorporação do Processo de Análise Hierárquica (AHP)

Coordenador: Daniela Gírio Marchiori Faria (Instituto Geológico/SMA)

Programa: Geotecnia e Meio Ambiente

Equipe: Daniela Gírio Marchiori Faria

Período: 1/1/2007 – (em andamento)

Descrição: Acidentes associados à ocorrência de escorregamentos e outros processos de instabilização em encostas urbanas brasileiras têm sido bastante freqüentes e muitas vezes, catastróficos quanto às magnitudes dos danos sociais e econômicos que produzem. Este cenário resultou na demanda e no desenvolvimento de uma série de ações do poder público em diferentes municípios e estados brasileiros, culminado com o estabelecimento de um programa federal, vinculado ao Ministério das Cidades, voltado à mitigação destes riscos com o desenvolvimento de projetos de mapeamento e a implantação de planos preventivos de defesa civil, de obras de estabilização e de reurbanização nestas áreas de risco.
No estado de São Paulo, o mapeamento de escorregamentos em encostas urbanas precárias vem sendo realizado desde 1990 em vários municípios, através das iniciativas de órgãos públicos e com a participação de diversas instituições. O método de mapeamento atualmente mais utilizado emprega como técnicas principais a realização de vistorias sistemáticas de campo, investigações de superfície, utilização de fichas descritivas para armazenar as informações coletadas e a delimitação de setores de perigo e de risco em imagens aéreas e escala de detalhe.
As principais etapas envolvidas neste tipo de mapeamento são: planejamento e levantamento de dados pré-existentes; obtenção das imagens aéreas de grande escala e recentes; realização das vistorias sistemáticas de campo; identificação dos processos de instabilização atuantes (geometria, material movimentado, dinâmica, etc.) e delimitação dos setores de análise; identificação e caracterização dos indicadores de perigo e de risco de cada setor de análise; análise do perigo e do risco por comparação entre os indicadores identificados e hierarquização qualitativa entre as diferentes situações identificadas, agrupando-as, em geral, em quatro níveis distintos de perigo e de risco: baixo, médio, alto e muito alto.
Este método de mapeamento tem sido bastante aplicado e muitas vezes conseguido subsidiar satisfatoriamente as ações de mitigação dos riscos de escorregamentos, indicando os locais prioritários para receberem estas ações. Por outro lado, o método também é questionado pelo meio técnico devido sua abordagem iminentemente qualitativa, pela pouca utilização dos métodos clássicos de investigação geológico-geotécnica e de análise de estabilidade de taludes e pelo grau elevado de subjetividade que pode agregar, podendo produzir resultados de baixa confiabilidade.
A contribuição da presente pesquisa é o aprimoramento do método de mapeamento de perigo e de risco de escorregamentos em áreas urbanas, diminuindo sua subjetividade na comparação e na hierarquização dos setores, sem modificar sua abordagem fundamental e suas técnicas principais atualmente utilizadas. A manutenção dos princípios gerais deste método de mapeamento justifica-se pela sua comprovada adequação aos condicionantes sociais, técnicos e à necessidade de ações rápidas de mitigação que caracterizam estas áreas de risco. Acrescenta-se a este fato, o reconhecimento do Comitê de Avaliação de Riscos de Escorregamentos da União Internacional de Geociências (IUGS) na utilização da probabilidade subjetiva (opinião de especialistas), fundamento em que se baseia o método estudado de mapeamento de áreas urbanas, como uma abordagem válida cientificamente para a análise de perigo e de risco de escorregamentos.
Para tal, propõe-se incorporar o Processo de Análise Hierárquica (Analitic Hierarchy Process – AHP) na sistemática de análise dos indicadores e na hierarquização dos setores de perigo.
O AHP é um modelo de ponderação para auxiliar na tomada de decisão em problemas que envolvem a valoração e hierarquização dos fatores através da avaliação de um conjunto de critérios explicitados por pesos relativos, dentro de regras matemáticas pré-estabelecidas.
Para a validação da proposta de incorporação da AHP ao método do mapeamento de risco foi realizado um ensaio de aplicação em áreas de risco de escorregamentos no município de São Sebastião (SP), que foi mapeado anteriormente pelo Instituto Geológico da Secretaria do Meio Ambiente – IG-SMA, utilizando a abordagem tradicional, sem a incorporação sistemática do AHP.

Fonte de Financiamento: IG/SMA

Trabalhos publicados: Obs: nem todas as referências listadas encontram-se no acervo da Biblioteca do IG, consulte os autores para localizar uma cópia do trabalho

MARCHIORI-FARIA, D. G.; AUGUSTO FILHO, O. 2010. Mapeamento de perigo associado a escorregamentos em encostas urbanas utilizando o Processo de Análise Hierárquica (AHP). In: ABGE, SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA, 7, Maringá-PR, 8 a 11 de agosto de 2010, Anais, CD-ROM.